DOIS TIGRES (dois poemas)

DE TIGRES #3

Tigre, tigre,
de Norah e de Borges,
atrás de suas
imaginárias grades,
que me diz
dos olhos dela:

— profundos

— profundos

— profundos

 suas garras tão cortantes
como seus olhos tão tristes
em sua prisão de arquétipo
de corpos
de outro
de nós.

1999 – in: Canções de afiar a noite

DE TIGRES #4

todo esse real que não cabe no poema.
aquilo que sofre o tema pra entender a cena:
o teto, o canto, o corredor,
o lençol estirado onde não cabe
amor.

esta tarde branca, que não cabe na cena,
que não vê a mancha
– o dólmen, o menir, o tratado –
das coisas imóveis em
fado.

de mistério e amor
uma aranha não sabe a teia,
um pássaro não sabe o céu,
o peixe não água
nada.

listras passeiam pelas sendas da jângal.
olhos desertos de real.
geometria equilibrada na corda da ginasta,
arfa!

o passageiro sonha no lençol estirado
onde não cabe
amor.

20.5.2013

Uma ideia sobre “DOIS TIGRES (dois poemas)

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