é preciso que o poema
atravesse de vez a noite
e possa enfim dizer das pedras
que eu guardava entre os dedos
e deixei sobre o chão
de minha aldeia
há tempo que não espero
um céu de delicadezas
sobre os meus ombros
mas neste exato instante
tenho os olhos bem abertos
e o coração perto do fogo
há flores que pedem
um cubo de gelo
em troca de permanência
eu só peço
alguma sede
alguma sorte
e todo espanto