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gestação
a poesia
tece
seus sonoros fios
de seda
me esconde
em seu delicado
casulo
em secreto
tece
minhas asas
pinta
minhas cores
rompe-me a crisálida
e me prepara
para o voo
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o poema zomba de mim
ajoelhada, o vejo escondido
embaixo da cama
o poema goza de mim
que tenho os joelhos ralados
de tanto esperar
travesso, me oferece palavras tontas
mal estendo as mãos
ele as puxa de volta
em vão estico os braços e os dedos
meto-me embaixo da cama
arrasto-me
minha mão chega quase a tocá-lo
(sou capaz de sentir sua pele)
mas ele, serelepe e veloz,
foge depressa
me deixando coberta de poeira
e silêncio
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descompasso
entre a voz
do músico
e as mãos
do poeta
danço
entre o dedilhar
e o declamar
entre a lira
e o violão
(b)ardo
Líllian Régis
“Travesso, me oferece palavras tontas…” perfeito isso!
Que bom que gostou, hangferrero!