No campinho de terra batida
irregular, sem medida.
Olimpo de solo,
de campeonato,
bola dividida,
pipa embicada,
pique e corrida,
poeira e vitória.
Crianças
correndo e gritando,
suando e crescendo
todas as tardes, o tempo todo
subindo e descendo.
Depressa, o tempo tem pressa.
O calor dentro da alma
o sorriso no meio da cara
vontade maior em cada palma de mão
virando a enxada, agarrando a caneta,
abrindo um livro preparando a lição.
Bola e caderno
debaixo do braço, cheio de terra
no ponto do ônibus
na esquina da casa
na terra batida
no pé um tufão
tão juntos a todo momento
o campinho da minha infância
ali o céu era o chão
Ninguém tinha nome sem se esquecer
Não tinha nome isso assim:
mexer, não mexia
correr, não podia
debaixo do sol
na chuva ou na noite
fria
além da dor
resistia
sem ar.
Vieram os nomes
[fabiana ramon alana joao bruna roberto wesley paulo juliana alexandre yasmin lucas michele luis mariana felipe fernando larissa luís tatiana vitor vanessa luana rosa ryan mateus flavia maria]
A manchete nada mais dizia
esperança fria
cadeira vazia
na mesa
de qualquer família.
Quando aconteceu e os viadutos ruíram
algo da poeira erguia-se,
mas não se via,
sabia-se
A vida mudava
contorcendo-se
em nada
porque a bala encontra sempre um nome de gente, perdida.
Belíssimo!
obrigado, vc me incentiva a melhorar.