bashô em mim
todas as manhãs
os sapos beliscam o lago
cantam para as rãs
*
feio
quem partiu a lua ao meio
colocou freio e arreio
no meu devaneio
*
dilemas
entre a cruz e a espada
inda que mal comparando
um violão atuava
tangia a batina do padre
e a farda do soldado
maria nome de santa
rosa nome de flor
maria rosa mundana
seguia assim sua sina
dois amores na surdina
o padre gostava do acorde
o soldado do compasso
entre um altar e um catre
as cordas daquele corpo
emitiam belos sons
os bemóis na sacristia
sustenidos no quartel
dois fortes a moça invadia
de um queria o céu
ao outro impunha a guerra
o padre deixou a igreja
o soldado desertou
rosa perdeu o interesse
foi fincar os seus espinhos
no evangelho do pastor
*
aflição
um tanto quanto de espanto
um certo desassossego
alguma porção de abismo
e muita (des)ilusão
*
a coitada
fui ali ouvir a chuva
escutar a sua história
ela clama ela sussurra
ai meu deus a chuva chora
mais parece uma viúva
xale cinza
rima pobre
Líria Porto
a poesia de líria é sublime. tudo nela é encanto e alumbramento. a delicadeza de seus versos desenha e musica as ideias em formas epifânicas. tudo nesta poesia parece fácil e espontâneo. eis uma das grandes qualidades dos verdadeiros poetas: fazer o leitor se sentir leve, imerso no prazer, como se tudo fosse uma brincadeira, um gozo, pura inspiração! viva a poesia de líria!
agradeço tuas palavras professor – obrigada!
Amador,
traduzis-te perfeitamente o que sinto ao ler Líria! Viva a Líria e sua poesia na nossa zona particular!
não fosse tu, márcio, eu não teria os poemas aqui, onde gosto tanto de estar – serei sempre grata – um beijo!
teu comentário, professor, me enche de alegria – e aumenta meu compromisso com a escrita – obrigada
Líria Porto faz leitores afastados da poesia voltarem a sentir gosto em ler. Eu já testemunhei vários casos. Uma poesia limpa, direta, comunicante e rica. Difícil é dizer de forma simples e linda o complexo do mundo.
ô poeta – hoje eu ganhei o dia – obrigada!
Seus poemas emitem tamanha sonoridade que quase ouvi o cantar do sapo, na serenata à lua, embalada pelo barulhinho do choro da chuva. Parabéns, Líria.
obrigada regina – besos